Há experiências na nossa vida que nos remete para a nossa infância. Uma delas é andar de bicicleta. Lembro-me tão bem da minha primeira conquista. Ninguém me ensinou a andar de bicicleta. Fui eu que encostei a bicicleta do meu irmão à parede, uma BMX preta e amarela – aquelas que têm a esponja no quadro e no guiador – subi para cima dela e larguei-me sozinha, pátio a fora. Que sensação incrível. Outra é andar à chuva. Era diversão garantida e então se houvessem poças de água, melhor ainda. E o cheiro da terra molhada? adoro! Continuei “criança” à medida que ia crescendo porque os meus treinos de atletismo eram à chuva e as provas não eram canceladas. Então se fossem corta-matos, ui…o terrenos ficava no ponto. Vi pessoas a ficarem com as sapatilhas de bicos presas na lama. Ai que saudades do Cross das Amendoeiras.
Hoje em dia e já no alto dos meus 44 anos (ai credo), sempre que chove, sinto sempre este apelo para calçar as botas e sair porta fora. O Bruno é igual e os miúdos piores que nós. Família de doidos saudáveis. A verdade é que faz bem. Se formos bem vestidos, com as camadas certas, conseguimos desfrutar das sensações boas que a natureza nos oferece.
Investigadores da área da saúde mental indicam que caminhar à chuva ajuda a acelerar o nosso metabolismo e que tem um efeito positivo na nossa saúde física e mental.
A pesquisa concluiu que:
- O ar é sempre mais fresco e limpo na época das chuvas;
- O cheiro da terra molhada refresca e acalma a mente (e deixa memória olfactiva);
- A chuva é boa para a pele e o cabelo;
- Caminhar à chuva queima mais calorias;
Os psicólogos ainda adicionam a esta lista:
- Aprender a largar o que não controlamos. Não consegues controlar a chuva, certo? Se aceitarmos que a chuva é uma condição natural, instável, sempre em constante mudança, esta capacidade de aceitação estende-se a outras áreas da nossa vida;
- Mudar de perspectiva. Mudarmos de ambiente, ver novos cenários, novas cores, novas formas, ajuda a estarmos presentes naquele momento e, consequentemente, a uma mudança positiva na nossa maneira de estar e ver as coisas na vida.
Seja lá o que for, eu, que sou Tom Sawyer da ponta do cabelo à ponta dos dedos dos pés, digo que ganho anos de vida, fico mais leve e bem-disposta porque sinto que estou em modo aventura como em criança: sempre a explorar e em comunhão com a natureza. Mas se queima calorias e estica a pele… ó então, melhor ainda!
Se algum de vocês ainda não experimentou – e porque ainda ouve a mãe a gritar “sai da chuva porque ainda te vais constipar” – por favor, calce umas boas botas, vista um bom impermeável e vá lá experimentar. Depois conta de que tamanho era o teu sorriso.